Daniela Mercury, a Grande

Era o ano de 330 AC. Foi com sangue nos olhos que Alexandre, O Grande, invadia, destruía, queimava e roubava sem pudor a famosa joia do deserto, que os gregos nomearam como cidade dos persas, Persépolis. O nome original: تخت جمشید Takht-e Jamshid (“o trono de Jamshid”).

Contou-me um comerciante local que a história segue assim. Chegando ao topo da montanha mais próxima, o imperador riu, soberbo. Falava sozinho, especulando sobre seus novos títulos. Passava a mão sobre a barba, pensativo: “xá da Persia… ou xá da Ásia. Alexandre Magno, xá da Ásia. Gosto disso!”. Gargalhou amalucadamente. Silenciou de súbito. Relembrou por instantes, vingativo, a destruição de tantas cidades helênicas. Seu rosto se fechava, exibindo olhos semicerrados e a arcada trincada à medida que seus pensamentos voltavam à acrópole em chamas.

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Dia de fúria em Skopje

Cheguei em Skopje, capital da Macedônia, por volta das 20h e fui andando até o hotel. Costumo usar o Google Maps que, dessa vez, me jogou longe do meu alvo. Completamente perdido, pedi ajuda em uma padaria/boteco onde dois sujeitos conversavam na porta. O macedônio também tem palavras em comum com o russo e com qualquer outra língua eslava, então a comunicação fluiu na medida do possível. Os dois riam muito de um brasileiro perdido na Macedônia em plena Copa do Mundo 2014. Ri junto.

Perguntaram-me se era da Al-Qaeda ou de algum grupo terrorista e, na negativa, correram então para um Lada velho e me apontaram: “levamos você até lá”. Como nossos pais ensinaram: “não se deve entrar em carro de estranhos”. Entrei. Eles também se perderam. Falavam de Feitosa e um outro sujeito brasileiro, aparentemente mestres do jiu jitsu – desculpem a ignorância. Fingi que conhecia.

“Neymar quem? Fei-to-sa!”, dizia o sujeito forte no banco de trás.

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Música búlgara em Orhid

Cheguei em Orhid, pequeno balneário à beira de um lago, no sul da Macedônia e cidade fronteiriça com a Albânia. Muita gente sabe que eu sou louco por música dos Balcãs. Como eu sou um sortudo da porra, cheguei desavisado no primeiro dia do Ohrid Balkan Festival 2014.

Bandas macedônias, sérvias, búlgaras, croatas e o colaborações da Austrália, Polônia e Israel também vieram e estão se apresentando nas ruas e em um antigo anfiteatro grego. Em Sófia, procurei por coros búlgaros para assistir e nada. Chegando aqui em Orhid, foi justamente uma banda búlgara a primeira a dar as graças no palco, pondo fim à minha breve frustração.

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