Sou um sujeito sortudo. Ou melhor, talvez seja competente o suficiente para que a vida me faça um sujeito sortudo. Prefiro pensar assim para fins de: ~aumento de auto-estima~. Auto-enganar-se periodicamente faz bem, muito bem. Afinal, o universo conspirou para que eu fosse leonino, então que saiba lidar com sua criação. E leoninos são mestres em distorcer a realidade. Ampliamos trechos selecionados de um grande filme e projetamos insistentemente no alto dos prédios e dizemos “olha o que eu fiz”. Nunca cessamos de nos comportar como crianças de 3 anos.
Nos últimos tempos tive que lidar com uma difícil decisão: aceitar um (bom) trabalho no Brasil ou continuar viagem. Por diversos motivos, aceitei a primeira opção como destino dos próximos anos. Foi um embate interno apertado. De qualquer maneira, a China, a Mongólia, o Tajiquistão, tenho certeza, todos eles podem esperar um pouco mais.
“Mas você vai voltar depois de dois anos e vai arranjar emprego como? Vai ter que voltar a analista, vão baixar seu salário, vai estar fora do mercado”. Não aceitei a derrota certa como futuro e acho que apostei corretamente. Pode ser sorte mas, bico calado, não contem isso a um leonino.
“Olha o que eu fiz”. Olha. Um risco no mapa.
Viajar pelo mundo é uma grande aventura. Voltar para casa pode ser também.
O blogue continua.